Pedagogia/UFRGS/Aprendizagens

sábado, maio 01, 2010

3ª semana de Estágio


Esta foi uma semana bem dura.
Fiz questionamentos do tipo:
Como encontrar o aluno, será que ele deseja ser encontrado em determinados momentos?
A realidade sempre é bem mais difícil do que a teoria.
Devo me apegar no que está dando certo, mas não esqueço do que está realmente complicado e inacessível.

A ida ao ambiente informatizado não ocorreu pela falta de respeito aos apelos da professora, em sala de aula.
Os alunos estavam agredindo-se verbalmente e até fisicamente uns aos outros. Fomos até o pátio no intuito de chegar a sala de A.I. e nada. Não havia jeito de parar a agressão. Sem dúvida, voltei.

Questionar a prática sempre dá alívio por um lado e tormento por outro.

Positivamente penso que a professora Beatriz Corso tem razão. A liberdade apresentada de repente, causa certa confusão.
A liberdade que me refiro é a de pensar, falar, perguntar sobre coisas inusitadas e dar opinião... O que é isso? Eles não sabem opinar... Os alunos não sabem opinar. Esta é a parte do tormento.
O experimento do estágio vem buscando devagar e bem devagar algo que está adormecido e que por vezes explode sem controle e abrangendo emoções descompensadas.

As atividades desta semana foram mais intensas e em menor quantidade.
Mesmo assim alunos se negam a trabalhar, seja numa tarefa simples ou complicada. O difícil é o pensar.

Esta reflexão vou dividir em positivos e negativos da semana. Vou misturando para não causar baque ou para não ficar uma análise confusa.
Retomando:
Grande parte da turma nega-se ao trabalho e outra quer muito fazer acontecer. Por isto as reflexões tornam-se dúbias.
Estou acertando com um grupo e errando com outro.

Um ponto bem positivo que percebi foi o orgulho, que a turma sentiu quando uma ex aluna criou poesia sobre o bairro da escola para eles.
Foi possível perceber através do modo como copiaram o texto, relatando que realmente esta rua era conhecida por este ou aquele, sobre como estava bem feito o poema e sentindo-se valorizados e conhecendo as palavras que liam, porque caminhavam sobre elas.


Visualizar o bairro em imagem e ler poesia que falava nas ruas conhecidas por eles, foi o " gancho"para ficarem fisgados, pelo menos por instantes.

Uma tarefa que pedia trazer foto do bairro, como ele era antes, aconteceu porque uma menina, somente, trouxe o material pedido.
Então gostaram e queriam ver e fazer opinião.
Confirmar ou não se era a tal rua que ela dizia ser.
Consegui ouvi-los e chegarmos a conclusões do tipo:
"É esta rua mesmo porque ali não há asfalto, ainda. "
"... e olha tem a igreja aparecendo no canto da foto."

Na 2ªfeira senti muita insatisfação em estar na turma
e não fiz questão de esconder.
As agressões não podem me apagar, para que eu não veja o crescimento acontecendo.

Nos momentos de discussão sobre a internet e sobre o pc, em que trazem, ou deveriam trazer "Dicas para Não Pagar Mico".
Questões foram levantadas, sobre orkut e mentira.
Renderam longas conversas. Percebo que eles entendem que virtual é irreal. O que tentei relatar a eles o contrário, que não, as informações que oferecem através do orkut devem ser sempre visualizadas pelos adultos que vivem com eles, ou podem tornar-se objetos de pesquisa de pessoas mal intencionadas.
Cuidar-se sempre é a chave. Dividir com familiar as atitudes, ou com professores.

O ponto negativo, na análise, é que somente duas pessoas trouxeram dicas, entre quarenta...

Talvez não fosse possível discutir todas, mas o foco do interesse em ser colaborativo não é alcançado. Apesar das discussões terem sido produtivas.

Na 4ª feira houve uma troca de anexo e acabei trabalhando um texto diferente do planejado. Falava de um lugar especial , diferente e muito limpo. Eles ficaram perguntando se realmente havia este lugar. Respondi que sim. Até mais de um. Citei alguns municípios do estado e fiz certa provocação como: Quando crescerem vocês vão embora da cidade de Alvorada e pronto. Vão viver melhor e para minha surpresa, muitos disseram que nem pensar. Que a cidade ia ficar legal também, como a da história de Elisabeth Trigo. Após tanta troca a produção textual teria tudo para ser boa. Decepção. Nem vou comentar. Mas aqui faço reflexão:
Qual foi minha parte na construção que pedi.
Será que fiz link, o suficiente, sobre o que f alamos e o que produzimos?
Chego a conclusão que nossas aulas "quebradas", por tanto tempo, "maquinaram" as crianças a não mais visualizar o todo e sim o exercício 1 e o 2 e assim por diante, sem olhar a leitura e, principalmente a discussão como parte integrante das respostas.

A participação no Seminário da Educação de Alvorada foi em duas oficinas:
Avaliação (quinta feira) e Violência Escolar(na sexta feira).

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1 Comentários:

Às 9:33 AM , Blogger Beatriz disse...

Calma querida amiga. Levamos tanto tempo massacrando e aprisionando os alunos que agora temos que dar tempo para que o processo inverso ocorra. De novo volto a insistir, é nas pequenas coisas que estão o nosso incentivo: 1 aluna trouxe e o resto discutiu. tenho certeza de que, na próxima vez, muito mais trarão pois sabem agora que o trazido será trabalhado. Muitos devme se perguntar internamente: o que será que ela que? Para que vou responder? Afinal, os professores não se interessam por nossos assuntos!! é uma negociação que vai sendo tecida aos poucos, com a retomada da confiança e da parceria pelas duas partes interessadas. Um abração
Bea

 

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