Pedagogia/UFRGS/Aprendizagens

domingo, abril 25, 2010

Reflexão semanal 19 de abril à 23 de abril


Durante esta segunda semana de estágio na 4ª série senti um peso muito grande nas minhas costas.

Nas intenções e o quanto não as alcanço, seja por falta de tempo nos computadores, seja nos conteúdos a serem trabalhados...

Os alunos não são colaboradores, rendem pouco, não tem o costume da discussão em aula, nem da opinião ... interessam-se e logo encerram o que buscavam.

Querem respostas prontas...

Por outro lado a professora Bea pressionando sobre a real vontade dos alunos em trabalharem as questões do arroio...

O que é preciso para provar que querem este assunto? É preciso recomeçar a perguntar?

Retomar tudo de novo? Estou preocupada com esta questão.

Mas talvez esta seja a solução.

Muitos foram os contratempos esta semana e da qual relatarei o que penso serem acertos e erros:

Quando conseguimos ir ao A.I. o trabalho é parte boa, produtiva, e, parte é ruim, estressante.

Sinto-me sem conseguir coletar material que subsidie o que estou fazendo ali. A grande quantidade de alunos é um entrave. A falta de recursos humanos para auxílo nas atividades, outro.

Na aula de segunda feira conversávamos sobre os índios, lenda de Obirici e Guerino, quantidade de povos do passado (antes dos europeus) e atualmente... outras lendas indígenas, depoimentos sobre conhecimento que tinham sobre índios...

A interpretação da lenda de Obirici e Guerino ( em 19 de abril) rendeu muito trabalho, pois sentiram-se incentivados pelo desenho de Bruno (menino de idade equiparada a esta turma, que representou Guerino da lenda).

Recontaram a história com detalhes na 3ª feira, no A.I.

A idéia era escrevermos o depoimento da visita ao arroio no word e os que não foram

escreveriam sobre os índios, suas origens, ocupações de terras no passado, sua perda

de identidade, etc, ao qual uma foi escolhida pelo grupo para ser postado no blog da

escola como representante da turma.

http://idalinadefreitaslima.blogspot.com/2010/04/lenda-da-obirici-homenagem-aos-indios.html

homenagem-aos-indios.html

Aproveitei para mostrar a eles no A.I. o mapa da Volta do Guerino em Porto Alegre e a Obirici

em monumento, adoraram...olhamos a foto antiga da volta do Guerino e o mapa atual, o qual

aproveitei para mostrar como inserirmos em blog.

No A.I. na 3ª feira

gostaram de ver as imagens de índígenas da atualidade no site da FUNAI.

Alguns diziam:

"Me pinta assim profe?" Eu também quero!"

Aqui vale salientar que "parte" do grupo participava das atividades, os demais queriam conversar sobre o recreio e o tempo que sairiam dali.

Apresentavam ansiedade para ir embora, jogar bola, namorar ou simplesmente correr no intervalo.

Outro momento interessante (na sala de aula) que considero bem positivo foi o depoimento de Pedro, que costumava visitar aldeia em Lami, foi interessante, todos fizeram muitas perguntas:

"Eles andam nus?"

"As casas são de palha?"

" Eles tem índio chefe ou pagé?"

"As crianças vão na escola de lá?"

As quais Pedro respondeu todas com sabedoria que tinha.

Não os pintei, mas eles iam insistindo até o fim da semana. Não o fiz, mas me arrependo.

Aconteceram algumas modificações por conta de combinados entre o grupo (o que me agradou muito):

Nas aulas de Religião os alunos querem ver filmes. Porém pedi que depois haveria

recontagem do filme por escrito.

Concordaram.

E então propus que fosse a cada quinze dias o relatório do filme assistido.

Pois a cada quinzena, um seria livre, pelo prazer de assistir.

Parece-me que o prazer não está ligado a esta sala de aula.

O filme escolhido para resumir (da semana passada e nesta comentado) foi Mitzy A Chave do Universo, que rendeu muitos resumos interessantes de focos diferentes e agradáveis de ler, aos quais li em voz alta para o grupo, o que apreciaram bastante.

Utilizei correção de palavras, pontuação, parágrafos (com a autorização dos autores para esta correção)

O filme escolhido para esta semana foi "Alvin e os Esquilos 2" . Foi realmente um prazer assistir.

Um exemplo positivo de aprendizagem foi de um menino que interessou-se pelas classes dos números e fez com gosto sua tabela, compreendendo imediatamente como se nomeia os números em suas classes corretas.

É uma criança agitada, sorri pouco e tem pouco interesse nas aulas,mas sentiu-se incentivado neste dia.

Na 3ª feira no A.I. este mesmo menino, estava muito orgulhoso do que produzia.

Quis saber por que as letras mudavam de tamanho e exigiu minha presença. Queria minhas respostas e não as do colega.

Noto uma desconfiança, que às vezes eu sou o norte outras tantas, ninguém. Próprio de crianças sofridas que são.

Tenho trabalhado no sentido de que as pessoas são diferentes,

o que algumas fizeram, não necessariamente se repete nas outras.

" Nós não conhecemos. Nós só podemos fazer palpites".

Alves, Rubem - Conversas Para Quem Gosta de Ensinar, cortez. 1982:32

Esta fala de Rubem Alves me dá certo alívio...



Sinto que a turma deveria render mais , pois conversa muito, pouco produz em sala de aula,

me assusto, peço que colaborem com eles mesmos.

Em breve farei novas mudanças de grupos, posição na sala, etc...

A turma tem me testado diariamente com agressões verbais e físicas na sala de aula, uns contra os outros.
Percebo poucas mudanças, não conseguindo, a fins de pesquisa como aluna, construir meus relatórios de aprendizagem.



Dos erros, penso que levei muitas informações, para que surgisse interesse, porém o grupo é muito agitado e de difícil concentração.

Por exemplo, custaram muito a entender o mapa que traduz um Rio Grande do Sul tomado por índios.

Após muitas investidas minhas e de dois alunos que compreenderam, é que os demais chegaram ao entendimento que não haviam brancos.


Não posso mentir, sinto-me triste nesta semana. Na esperança de logo sentir-me livre.

"Há uma relação entre a alegria necessária à atividade educativa e a esperança.

A esperança de que professor e alunos juntos podemos aprender, ensinar, inquietar-nos,

produzir e juntos igualmente resistir aos obstáculos à nossa alegria". Freire, Paulo -

Pedagogia da Autonomia:Saberes Necessários à Prática Educativa - Paulo Freire -

São Paulo: Paz e Terra, 1996: 80


Nesta fala de Paulo Freire parece que há solução para esta situação em que me encontro. Terei o final de semana para refletir e procurar alternativas que diminuam meu sofrimento e dos alunos...

Alguns creem que no sofrimento há crescimento... Faço esforço para não acreditar neste pensamento.

O chapeleiro maluco representa eu mesma...alguém com muitos ideais e práticas mal costuradas, pois vive algo novo e diferente,algo que nunca fez antes... o que por vezes o assusta mas com a absoluta certeza de que não há ninguém para ficar no seu lugar.


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1 Comentários:

Às 1:24 PM , Blogger Beatriz disse...

Maria Inês, sempre que se tenta algo novo, onde a liberdade é um elemento importante, o andamento da sala de aula parece que sofre um baque. Claro, é como deixar a posta do viveiro aberta e eles se alvoratarem sem saber se saem ou não, se vão conseguir ou não, o que fazer com a liberdade oferecida. Aos poucos ele verão que ser livre para trabalhar com alegria e produtividae na sala de aula é responsbailidade e compromisso de cada um que está fazendo parte desse jogo. Tuas reflexões estão muito interessantes e verdadeiras; tuas dúvidas são nomrias e angustiantes para quem quer fazer um bom trabalho. Só nisso vejo que já estás em outro patamar. Qdo diz, depois de tudo , que vais pensar em alternativas no fim de semana, me senti aliviada e feliz. Lembra que não precisas alcançar tudo que te propusustes e que as mudanças aparecem aos poucos: o guri que entendeu melhor a tabela e ficou faceiro com o resultado, o prazer em ver as imagens nainternet, o ouvir o outro e se interessar... Aos poucos , aos poucos... Nada de desânimo: cada passinho é uma vitória.
Um abração
Bea
Ah!! falta todo o maio!! Estou realmente curiosa como a novela segue, o que rendeu o pensar do fim de semana!! :-))
Um abração
Bea

 

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