Pedagogia/UFRGS/Aprendizagens

domingo, maio 24, 2009

Theodor Adorno - Educação após Auschwitz

"Na relação atual com a técnica os homens ao mesmo tempo em que progridem, podem regredir num irracionalismo patogênico. Para Adorno, se as pessoas não fossem profundamente indiferentes em relação ao que acontece com todas as outras, então Auschwitz não teria sido possível, as pessoas não o teriam aceitado."
O Discurso Crítico de Theodor Adorno(1903 - 1969) Elaine Conte

A educação contra a barbárie, conforme Adorno não é respirar amor. É sensibilizar do todo, de todos.
É saber que somos responsáveis pelo que acontece na vila?
Devendo nos importar sempre com os ataques estranhos que ocorrem e que simplesmente ficamos mudos...esperando o momento oportuno para chamar os auxiliares de anjos, soltando um grito de socorro ...

Ou a relação está ligada a antes da cena projetar-se?

Num compulsivo semear, semear, semear... Na certeza do dever cumprido. Adorno não acredita no amor, mas quem sabe outros ainda acreditem?
Não que isto seja uma crítica ao autor, o papel dele aqui é este. Buscar informações científicas, psicologicamente provadas, filosoficamente medidas e calculadas para prever uma mudança no que "poderia encontrar-se em aspecto patológico, doente. Consiste no pensamento prático da restauração antes do erro.
Mas... Na sala de aula... Proporcionar ao aluno que alcance competências para discernir, para perceber nas entrelinhas o jogo do poder.

É possível contar como se procede o "conto do vigário", as técnicas usadas para persuadir?Do Militante Imaginário: "...na socialização indireta efetuada pelo dinheiro, os homens não decidem coletivamente o que, como, onde e para que produzir, portanto, nem quem ou como vai consumir. Daí que o mercado, quando funciona sem entraves (lei da oferta e procura etc.), possa parecer milagrosamente algo assim como um "deus secularizado" (uma "mão invisível" dizia Smith), algo como um "sujeito" que pensa/abstrai (o modelo secreto da "astúcia da razão" de Hegel), perfazendo uma totalidade social mais ou menos coerente, pois que suporta negações internas, desequilíbrios inter-setoriais, crises etc. "

O trabalho de oito a doze horas por dia de uma mãe da vila é uma forma de tortura...de escravidão...de domínio pelo medo...medo da falta de feijão, de leite, de mínimo pra mandar o menino para escola. O que dizer ao menino?

Enfim, como saber desenrolar esta bola de fios? Com cores tão parecidas? E pior...como conseguir fazer a vista alheia ver? Ver os diferenciais dos nuances? E depois de tudo desenrolado... tricotar não é tarefa fácil e ensinar o ponteado desde as primeiras laçadinhas a pequenos cidadãos, de mentes tão pré operatório.
"O que gera, portanto, Auschwitz? Por um lado, é a identificação cega pelo coletivo e por outro, é o poder dominador de manipular e homogeneizar as massas. Para Adorno, o mais importante para enfrentar o perigo de que tudo se repita é contrapor-se ao poder cego de todos os coletivos, fortalecendo a resistência frente aos mesmos por meio do esclarecimento do problema da coletivização. A estrutura narcisista que rejeita o não-idêntico pela extrema idolatria do ego mostra o quanto o império do conceito sobre o real é responsável pelo surgimento dos Campos de Concentração de Auschwitz. Quanto aos ritos coletivos de iniciação, Adorno se contrapõe a toda violência que uma pessoa enfrenta para se inserir numa sociedade. Um exemplo que esclarece essa situação é a educação que preza a força e a disciplina, reprimindo o medo. Conforme Horkheimer, a tortura é a adaptação controlada e devidamente acelerada das pessoas aos coletivos. " O Discurso Crítico de Adorno(1903 - 1969) Elaine Conte

Para proporcionar ao aluno, que alcance competências, Adorno responde: "não há hábitos adequados" O Discurso Crítico de Theodor Adorno(1903 - 1969) Elaine Conte

Porém...

Esta ligação de educação a barbárie, elabora questionamentos do tipo:

Que grau de responsabilidade a escola tem diante do fato da barbárie estar presente em diversos momentos da vida cotidiana, sem ser exposta imediatamente e combatida?


Os professores e pais ou responsáveis extrapolarem seus valores de poder e de manipulação.

Domínio através de práticas diárias em que ele manda e o aluno obedece?

Domínio do "cala boca!" , do "acabo com ele" é confirmação do contra argumento como positivo.
Seguindo a seqüência e ordem de fatos que provem a cada dia as crianças e jovens que o domínio se dá do maior para o pequeno. Seja através do trabalho sem remuneração conveniente ou da fome que oprime, ou pela falta completa de compaixão. Frieza que reforça a barbárie em detalhes pequenos, como a incapacidade de olhar para o outro e realmente importar-se.

Não podemos temer o que se tem de pior, é preciso criar "a força para reflexão, para a autodeterminação, para a não-participação.". Conhecendo o que temos de melhor, vivenciando a compaixão e humildade deve ser ensinada através do exemplo"não permitirmos uma aproximação dos fatos" , não mascarando o ,

"Os problemas decorrentes sejam tão subestimados que os homens não se compenetraram da monstruosidade cometida. Sintoma esse de que subsiste a possibilidade da reincidência, no que diz respeito ao estado de consciência e inconsciência dos homens”.
A preocupação fundamentada nas reações comportamentais torna-se objetivo filosófico, para estimular e desenvolver em nossos alunos consciência e clareza do limite.Freud focaliza para a mesma reflexão: afirma que a civilização produz a anticivilização e a reforça progressivamente. Seus escritos sobre "o mal-estar na cultura" e a "psicologia das massas e análise do ego".
É preciso saber ouvir e então saber em que momento se encontra, conhecer, como Piaget percebeu.

E amar.
Que a palavra caridoso, ainda vem de carinho e de amoroso. E que saber ouvir é o primeiro exercício de caridade, palavra tão atravessada e destruída.

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